sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Caixa de Vidro

Ele está dentro da caixa de vidro.
Rugindo, esbravejando, gritando e às vezes em silêncio.
Ele rosna para o mundo, sua respiração embaça o vidro.
Algumas vezes ele escreve poemas no vidro embaçado pela sua respiração.
Outras vezes ele descreve sua composição: sonhos, ilusões, desejos, pensamentos e idéias furiosas.
Jogadas, espalhadas, desatinadas.
Furioso, ele ri, gargalha sem humor, nervoso, suando frio.
Ele olha para além da caixa, para o mundo lá fora e só consegue ver seu reflexo.
Fechado em sua caixa de vidro com cadeado de diamante. Somente ele tem o segredo, mas ele tem a mais genuína convicção de que nunca irá abri-lo.
Lá ele está protegido e seguro.
Ele mija na caixa, ele defeca na caixa, ele esporra por toda a caixa.
Sua vida perfeitamente saudável dentro da caixa.O tempo passa. A vida prossegue. Ele pensa em escrever uma carta de amor que nunca será lida, mas desiste antes de começar.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

a day

Ao ler o Aleph em voz alta para toda a classe, em substituição a inabalável e egocêntrica professora, o esquálido estagiário, sofreu da síndrome de Stendhal e caiu recitando todas as obras de Borges em ordem cronológica em todas línguas e dialetos conhecidos, entrou em conflito consigo mesmo e nunca mais parou de recitar as obras, os cânones até o infinito universo.